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O processo de coleta do lixo durante a pandemia numa cooperativa de reciclagem em Canguçu - RS

Conheça os desafios do setor que está à frente das atividades de separação de resíduos desde o começo da pandemia de coronavírus

Reportagem: Vivian Domingues Mattos

Edição de áudio e imagens - Eduardo Chaves

Edição de texto - José Paulo Sobral

O processo de coleta do lixo durante a pandemia numa cooperativa de reciclagem em Canguçu

Durante a pandemia de coronavírus no Brasil, muito foi enfatizado pelos jornais o cuidado no descarte dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), mas pouco foi o destaque para a história das mãos que voltam a entrar em contato com estes resíduos como uma forma de sobrevivência.

Dentre os diversos setores que tiveram sua rotina desafiada, os trabalhadores da reciclagem são um dos eixos que não interromperam as suas atividades presenciais, como a Cooperativa de Trabalho em Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos de Canguçu (COOPERSOL), no Rio Grande do Sul.

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Funcionários da COOPERSOL mantiveram jornada de trabalho presencial durante a pandemia

Foto: Vivian Domingues Mattos

Possuindo seu funcionamento em instalações cedidas pela Prefeitura Municipal, a cooperativa tem parceria com o governo do município, que disponibiliza o local de funcionamento e os equipamentos em troca da realização da coleta seletiva no município de Canguçu.

A COOPERSOL conta com 14 trabalhadores para realizar o trajeto da coleta, e todos eles continuaram com o roteiro normal nas ruas durante a pandemia. Desta forma, os cooperados fazem o curso pela cidade em um caminhão, e ao chegar na cooperativa descarregam os resíduos em um galpão de triagem, que faz a seleção do material, e que após isso passa por um enfardamento, levando cerca de 26 dias para a montagem de uma carga, e por fim, é encaminhado para comercialização.

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Caminhão realiza a coleta e transporta o lixo para a cooperativa

Foto: Vivian Domingues Mattos

De acordo com Bianca Machado, funcionária da cooperativa, manter os cuidados de prevenção ao vírus em seu ambiente de trabalho se tornou uma tarefa delicada. “Na coleta é bem complicado, porque não tem aquela função de água para toda hora estar lavando as mãos. A gente usava uma luva de borracha, outra luva por cima, máscara, e mesmo assim era muito complicado. No inverno, a gente não sente tanta falta de ar, porque a gente trabalha correndo, mas agora no verão tá bem complicado pra trabalhar com máscara”, revela Bianca.

Além disso, Machado afirma que o rendimento foi prejudicado, uma vez que materiais como o papelão trazem um bom retorno à cooperativa e o recurso esteve em falta devido ao fechamento do comércio.

            Segundo Bianca Gobel, educadora ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo da Prefeitura de Canguçu, a prefeitura ofereceu todo o apoio necessário aos cooperados durante a pandemia. “Foi feita a distribuição de máscaras e luvas. Os cooperados também receberam esses EPIs por meio da comunidade, e uma cooperativa de Pelotas também distribuiu equipamentos para a cooperativa”, conta Gobel.

            Dentre o mês de julho, a COOPERSOL teve alguns de seus cooperados sobre suspeita de coronavírus. Eles procuraram imediatamente a prefeitura para que todos os cooperados realizassem o teste da Covid-19. Machado diz que houve um tempo de preocupação na cooperativa, já que alguns dos funcionários apresentaram sintomas da doença. “Quatro dos nossos trabalhadores foram isolados por suspeita e a gente ficou bem preocupado, bem preocupado mesmo, aí a gente falou com o secretário e com o prefeito para realizarmos o exame. Graças a Deus fizemos e todos deram negativo, mas aqui já teve um confirmado”, comenta a funcionária.

            Em concordância, Gobel confirmou em entrevista que todos os cooperados foram testados, e que o positivado foi isolado dos demais. Além disso, todos os trabalhadores que possuem algum sintoma são afastados pela prefeitura para cumprirem isolamento social e preservarem a saúde dos demais.

            Nos meses intensos de isolamento social, o aumento do lixo nas residências se tornou considerável. Rita Mesquita, que foi empregada na cooperativa durante a pandemia, faz um breve relato de como foi esse processo, e revela a quantidade de resíduos do local. “Faz 6 meses que eu trabalho aqui, essa oportunidade serviu para mim durante a pandemia. No início, quando eu era catadora de latinha, eu não tinha emprego, mas como eu fiz amizade com as gurias daqui, coloquei um currículo e elas me deram a oportunidade. Faz seis meses, mas nesses seis meses que eu trabalho aqui, eu acredito que aumentou a quantidade de lixo”, diz Rita.

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Isolamento social aumentou a produção de lixo reciclável doméstico

Foto: Vivian Domingues Mattos

Atualmente, os funcionários da cooperativa afirmam que a reabertura do comércio contribuiu para a estabilização dos rendimentos, visto que a coleta do papelão contribui com a maior parte dos lucros no processo de comercialização dos resíduos.

Conheça também a situação dos trabalhadores durante a pandemia em outras partes do país. Confira a reportagem de Campinas, no estado de São Paulo

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