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Os desafios e a dura rotina dos profissionais da limpeza urbana em Franca - SP

 

Funcionários da empresa Seleta, empresa terceirizada, contam suas rotinas de trabalho

 

Reportagem: Mateus de Oliveira Luciano

 

Em tempos de pandemia do novo Coronavírus, uma das principais recomendações de vários órgãos de saúde pública foi o isolamento social, aconselhando as pessoas a ficarem em suas casas. Apesar das pessoas inicialmente respeitarem essas medidas, diversas outras não tiveram esse privilégio de permanecer trabalhando em home office, devido ao caráter indispensável de suas funções, como profissionais da saúde, jornalistas e os trabalhadores responsáveis pela limpeza dos municípios. 

 

Simone Ferreira, tem 34 anos e há quatro exerce a função de gari na cidade de Franca, interior do Estado de São Paulo. Ela trabalha para Seleta, empresa terceirizada responsável pela coleta, tratamento e destinação final de resíduos na cidade. 

 

Sobre a quantidade de resíduos, Simone diz que “nos primeiros dias não tinha muito lixo nas ruas e praças, mas depois da reabertura de alguns estabelecimentos, a quantidade aumentou, porque as pessoas ainda não estavam comendo nesses lugares e acabam descartando o seu lixo na rua ou em praças públicas”.

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Capina e Roçagem. Foto: Seleta.

 

Simone relata que sofreu dificuldades em ter acesso a água potável e a banheiros. Quando encontrava algum lugar acessível, como uma UBS (Unidade Básica de Saúde), nem sempre era bem recepcionada.

 

“Na avenida em que eu trabalho, a grande maioria dos estabelecimentos ficaram fechados e foi muito difícil para mim conseguir água e ir ao banheiro. Uma vez eu pedi para ir ao banheiro de uma UBS e a moça que estava atendendo me tratou mal e me disse para eu evitar transitar no banheiro”.

 

José Neri de Andrade, 51 anos, é sergipano de nascimento, reside em Franca há 30 anos e há nove trabalha para a Seleta, onde acumulou algumas funções com o passar do tempo. Atualmente, ele trabalha na limpeza de praças, fontes, bueiros e terrenos da Prefeitura de Franca. 

 

“O nosso serviço é muito arriscado porque a gente fica em contato com muitos animais perigosos, como escorpiões. Recentemente, nós tivemos que retirar um cachorro morto da boca de lobo e tivemos que acionar o caminhão pipa para limpar e só então nós tiramos ele de lá”, conta.

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José Neri. Foto: Acervo Pessoal.

 

José afirma que a empresa exige que os funcionários sempre usem EPIs e que devido à pandemia ele recebeu máscara e álcool em gel. As dificuldades que ele enfrentou foram em razão do afastamento de alguns funcionários do grupo de risco, o que aumentou a quantidade de locais que ele precisa atender. Outro fator adverso enfrentado por José foi a dificuldade de acesso à água potável e banheiros.

 

Segundo a Seleta, a empresa afastou os funcionários do grupo de risco e os que contraíram o vírus conservando seus direitos. A empresa declarou que os serviços vigentes se encontram rigorosamente executados e limitaram algumas funções para atender à solicitação da Prefeitura de Franca. A companhia reafirmou seu compromisso com a segurança dos colaboradores, fornecendo EPIs necessários para diminuir a exposição dos funcionários aos efeitos da pandemia.

 

Sobre as reclamações dos funcionários sobre a falta de acesso à água potável e banheiros, a empresa disse não ter recebido nenhuma reclamação dos trabalhadores até a publicação desta reportagem. 

Conheça também a situação dos trabalhadores durante a pandemia em outras partes do país. Confira a reportagem de Araputanga, no Mato Grosso

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